Crítica da Semana "X-Men: Apocalipse"
Muito do sucesso alcançado pelos filmes de super-heróis nos últimos anos se deve em parte pelo bom uso que Brian Singer fez dos X-Men em X-Men – O Filme, 16 anos atrás. O sucesso de filmes como Capitão América – Guerra Civil parte da compreensão desse modelo de adaptação desenvolvido por Singer, mais preocupado em desenvolver os personagens, suas motivações e conflitos. Nesse sentido este mais novo X-Men – Apocalipse, sexto filme da franquia (descontando os fracos filmes solos do Wolverine) faz jus aos filmes que lhe precederam, criando vários momentos memoráveis à franquia e nos deixando curiosos sobre os novos rumos da história.
Tendo início a partir da apresentação de seu vilão principal, Apocalipse, vivido por Oscar Isaac num visual bem fiel aos quadrinhos e desenhos, carregado na maquiagem, mas que nunca soa artificial ou destoante, como um efeito de captura de movimento geralmente se mostra ser. Apesar disso o desempenho de Isaac não se limita. Fazendo uso das expressões faciais que lhe restam e da entonação de voz, o seu Apocalipse é ameaçador, envolvente e totalitário.
À medida que a narrativa anda novos mutantes e velhos conhecidos personagens são apresentados em suas novas versões, um jovem Scott Summers mais atuante e comprometido que nos primeiros filmes da franquia, uma Jean Grey intensa, poderosa e vivida com muito charme, uma Tempestade e um Noturno igualmente eficientes. Michael Fassbender aqui tem a chance de desenvolver novas e até surpreendentes facetas de seu sempre interessante Magneto, mesmo que os acontecimentos que lhe ocorrem no longa sejam a reverberação de seu destino trágico dos campos de concentração.
Todavia, as suas tentativas, abordadas no filme, de fugir da vilania e com ela se reencontrar, só tornam o personagem mais humano e complexo. Mércurio não se limita a ser puramente alívio cômico, mas possui conflitos mais complexos a serem desenvolvidos e grandes momentos na trama. A Mística de Jennifer Lawrence se mostra preparada para assumir novas responsabilidades e é interpretada com certo ar de desencanto em relação ao idealismo otimista de Charles Xavier, que por vezes pode parecer cego em sua esperança depositada nos humanos e mutantes, mas isso de mostra eficaz e comovente ao longo do filme. Até a presença de um mutante bem conhecido se mostra eficaz e dramaticamente interessante, apesar de bem breve.
Fazendo uso de tudo aquilo que já fora desenvolvido ao longo de uma década e meia, Singer consegue fazer de um filme de quase das horas e meia uma experiência fluida e agradável, se dando a liberdade de poder desenvolver seus personagens e suas ideologias de maneira que toda as decisões tomadas e reviravoltas na trama se justifiquem por si mesmas. As cenas de batalhas entre os mutantes são, como já se esperava, grandiosas e bem coreografadas, filmadas com um cuidado para se construir algo épico e grandioso. Apesar da longa duração a sensação é que o filme passa rápido.
O roteiro, por mais simples que possa parecer, remetendo muitas situações construídas em filmes anteriores, se mostra extremamente eficiente em fazer ótimo uso dos personagens que tem a disposição, sem que nenhum pareça subaproveitado, tarefa difícil de ser executada dado o número de personagens e a maneira como o protagonismo é bem dividido. Ao final, por mais que se pense na série de fatos que o filme narra, nada parece gratuito ou injustificado.
Com um clímax envolvente e avassalador, após já ter construído aquelas que talvez sejam as versões mais interessantes daquele grupo de personagens, X-Men – Apocalipse é mais um exemplo de que o mais importante num filme de super-heróis não são os atos grandiosos ou a ação eloquente e épica, elementos que o longa possui, mas sim a construção de personagens que podemos nos importar e entender, e sempre que um filme dos X-Men se preocupa com isso será um X-Men genuíno.
Direção: Bryan Singer
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Oscar Isaac, Sophie Turner, Nicholas Hoult, Rose Byrne, Olivia Munn
Roteiro: Simon Kinberg, Bryan Singer, Michael Dougherty, Simon Kinberg, Dan Harris
Trilha Sonora: John Ottman
Diretor de fotografia: Newton Thomas Sigel
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