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"Girlboss – 1ª Temporada" - Crítica da Semana


Geralmente séries de comédia com episódios de pouco mais de vinte minutos se baseiam na criação de estereótipos para caracterizar seus personagens, com o objetivo de desenvolver com certa agilidade uma trama no tempo estipulado. "The Big Bang Theory", apesar de eu ter visto poucos episódios, em temporadas variadas, é uma das séries que mais usa a criação de estereótipos de personagens. Esta mais nova série da Netflix, "Girlboss", criada por Kay Cannon, gera essa impressão nos primeiros episódios, contando a história "baseada livremente em fatos reais" de Sophia, uma garota narcisista que não consegue se ajustar a nenhum emprego e tem um relacionamento difícil com o pai, mas que por acaso descobre ao criar uma conta do eBay e passar a vender roupas vintage por ela reformadas e revendidas uma possível vocação e independência financeira, criando a sua página no eBay chamada Nasty Gal.

Nesses primeiros episódios temos a impressão de que estamos assistindo o estereótipo de uma garota rebelde e narcisista que, interpretada por Britt Robertson com sua habitual competência para parecer espontânea e natural, sem fazer força para atuar, tem em sua intérprete e elenco de apoio a principal motivação para seguirmos acompanhando a sua história. Porém, a medida que o enredo avança percebemos o esforço do roteiro em, não justificar, mas desenvolver e criar um contexto em que todo o comportamento de Sophia se baseia, desde sua relação difícil com o pai e a ausência da mãe, brilhantemente desenvolvida, até a relação com a melhor amiga Annie (Ellie Reed), que passa por altos e baixos ao longo da temporada. A medida que seu negócio evolui e sua vida pessoal passa por severas mudanças, o relacionamento com Shane (Johnny Simmons) é desenvolvido e serve de catalizador para o orgulho e egocentrismo da personagem, mas também como uma maneira de combatê-lo e colocá-lo em perspectiva. Como aqui não temos uma menina inocente e passiva, é possível que não concordemos com as atitudes de Shopia, mas o seu sonho de felicidade, liberdade e independência é algo que cativa e que se assume como sendo o principal discurso construído pela série.

A real Sophia Amoruso, com o livro que inspirou o desenvolvimento da série

É interessante notar que, como a história se passa entre 2007 e 2008, nesses dez anos a nossa tecnologia e a maneira como nos relacionamos com ela mudou muito, desde os celulares, passando pela maneira de usar a internet, fica muito clara a época em que se passa a série. O trabalho de montagem feito no decorrer da série atinge, em alguns episódios, quase a perfeição, tornando a narrativa fluida e seguindo um ritmo que remete constantemente a natureza da sua protagonista. O uso das cores pela fotografia ressalta que o assunto moda é forte na série, gerando planos muito bem iluminados e compostos, fugindo da paleta monocromática e sem criatividade que a maioria das séries cômicas costuma recorrer.

Revelando-se, quase como uma surpresa agradável no seu desfecho, um coeso estudo de personagem, "Girlboss" é uma série que passa a humanidade da sua protagonista em seus erros e acertos, incertezas e pedras no caminho, envolvendo o espectador pelas situações cômicas orgânicas e genuinamente engraçadas, como também pela busca de um sonho que Shopia empreende nesses treze divertidos episódios.




Criador: Kay Cannon

Direção: Christian Ditter, Steven Tsuchida, John Riggi, Amanda Brotchie, Jamie Babbit

Roteiro: Kay Cannon, Caroline Williams, Sonny Lee, Eben Russell, Jake Fogelnest, Joanna Calo, Jen Braeden

Elenco: Britt Robertson, Ellie Reed, Johnny Simmons,  Alphonso McAuley,  RuPaul, Dean Norris, Jim Rash, Amanda Rea, Rebecca Krasny, Melanie Lynskey


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"Girlboss – 1ª Temporada" - Crítica da Semana "Girlboss – 1ª Temporada" - Crítica da Semana Reviewed by CultComentário on 16:48:00 Rating: 5

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